No último 26 de novembro, parte dos consumidores brasileiros foi impactada pela ação comercial denominada Black Friday, oferta de produtos e serviços com descontos “arrasadores”. Dados de faturamento apresentados pela ClearSale revelam números expressivos. Este ano, a ação resultou, por exemplo, num crescimento de mais de 115% em relação à promovida em 2011, chegando a movimentar R$ 217 milhões.
Foram mais de 500 mil vendas realizadas, a maioria online, por intermédio dos 300 sites participantes. É claro que os resultados ainda são tímidos se comparados aos da Black Friday do Tio Sam, que atingiu mais de 800 milhões de dólares em 2011 e com previsão de 35% de crescimento para este ano, considerando lojas físicas e virtuais.
Mas será que estamos preparados para essa nova e atraente tentativa de estimular o consumo? Será que as lojas estão atentas aos interesses e às necessidades de consumo dos brasileiros? Responder a essas questões não me parece tarefa simples. Conversei com pessoas próximas, colegas de trabalho e também busquei informações nos principais sites de notícias e pesquisas.
A leitura estruturada que fiz, em parceria com meus sócios na empresa LeadPix, foi de que a ação Black Friday é sim uma iniciativa válida, interessante e muito atraente para os consumidores. Porém, o que se viu foi uma “avalanche” de e-mails disparados pelas empresas que, em grande parte, não tiveram a preocupação de pesquisar ou avaliar previamente o interesse do público em determinado produto ou serviço.
Aí você pode estar pensando: mas o conceito da Black Friday é atrair pelo preço, desconto, comunicação agressiva etc. Ok, posso até concordar com sua opinião, porém, não se pode desconsiderar que uma ação de email marketing quando não se considera a relevância da oferta para um público segmentado, inevitavelmente não há condição especial que transforme a oferta numa experiência positiva e agradável para o consumidor.
Além disso, o Procon teve o seu papel ativo no processo no qual precisou notificar alguns sites que não fizeram a oferta de forma clara e objetiva, que, neste caso, acaba gerando dúvidas e descontentamento para o consumidor. Um aspecto interessante extraído de uma enquete realizada pela plataforma de pesquisas online Mind7 foi a avaliação do internauta sobre a Black Friday no Brasil.
Do total de 5.238 respondentes da pesquisa, 11,38% afirmaram que a ação superou as expectativas e fizeram a compra de, pelo menos, um produto ou serviço; 23,17% encontraram boas ofertas, mas não fizeram a compra. Para 14,75%, as o ofertas de produtos e serviços não eram relevantes e para 41,03% não acharam os descontos atraentes. Uma parcela quase insignificante de 0,04% disseram desconhecer o assunto e uma fatia de 9,63% foi o público que não recebeu qualquer comunicação ou oferta da ação promocional. Ou seja, quase 56% dos internautas participantes da enquete avaliaram a ação como oferta sem relevância ou descontos pouco atraentes.
De qualquer forma, toda iniciativa de geração de consumo nos últimos dez anos tem sido mais do que uma nova forma de abordagem para o consumidor brasileiro: tem sido sim uma oportunidade de consumo. Posso concluir em resposta às perguntas feitas no corpo deste artigo que as empresas que se interessam e investem em tais iniciativas possuem uma oportunidade gigantesca no mercado de consumo crescente em que a classe da maioria - classe C - vem ampliando sua participação ano após ano.
Porém, não pode se desprezar que há necessidade de investir no conhecimento sobre o interesse individual do consumidor, nos hábitos e aptidões entre homens, mulheres, crianças, público da melhor idade, características regionais, sociais, econômicas e da nossa realidade em termos de infraestrutura e capacidade financeira. Com esses dados traduzidos em informações, se deve ter uma bela diferença nos resultados das iniciativas semelhantes à que acabamos de presenciar.
FONTE: CorpTV
Nenhum comentário:
Postar um comentário