Como dizem por aí “o universo conspira”. Na última semana, pude mergulhar em uma série de aprendizados que, ao final, se conectam. Logo no começo, tivemos, na sede da Edelman Significa, em São Paulo, um treinamento focado em entender como funciona a mídia internacional, em especial, a dos Estados Unidos. Nossos colegas do escritório de NY fizeram essa gentileza e nos apontaram o caminho das pedras para o relacionamento com a imprensa americana. Pudemos entender do cenário atual da profissão no País até peculiaridades no relacionamento entre empresa e imprensa.
Mais do que entender como funcionam, foi possível ver que a imprensa brasileira não está atrasada ou antiquada quando comparada à mídia nos Estados Unidos. Há, sim, um passo a frente da imprensa nova iorquina em que já entendem melhor como atuar levando em consideração, por exemplo, a interação com o leitor, que comenta as reportagens no site, interage nas redes sociais. Lá, inclusive, os repórteres são avaliados e recompensados financeiramente com base nessa troca. Nos Estados Unidos, essa matéria ganha peso para ser desmembrada ou melhor analisada no “impresso”. A versão que vai para as bancas já é vista como fonte analítica, desse modo, então, o jornal fica dedicado às notícias mais relevantes, mesmo que seja um jornal diário. Não dá mais para competir com a agilidade da internet e os responsáveis dentro das publicações já perceberam isso.
Do lado de cá do balcão, os profissionais de Relações Públicas pararam de valorizar somente a presença nas versões impressas e, já há algum tempo, entendem e catequizam clientes sobre a participação em veículos online. Isso significa, muitas vezes, interagir com o consumidor em outras plataformas, como o celular e o tablet por meio da imprensa, que coloca à disposição do leitor o acesso ao conteúdo via apps.
E aí que, nesse contexto, nessa semana de reflexões, fui ao Congresso Mega Brasil, principal evento de Comunicação Corporativa do Brasil, e pude acompanhar a palestra “relações empresa-imprensa: jornalismo em tempos de multiplataformas”, do ministrada pelo jornalista do O Estado de S. Paulo, João Paulo Kupfer. E o tema também foi à imprensa, dessa vez a nacional, e sua relação com o cenário atual.
A palestra trouxe elementos que comprovaram o que escrevi acima. Além de uma leitura crítica da imprensa desde a década de 60, quando a imprensa começa a ter força no País e, em seguida, se profissionalizar, até os anos 2000, com foco na forte entrada da internet e das mídias sociais como veículo de comunicação, que transforma todo mundo em mídia, e tem mudado o foco das publicações por aqui também.
Kupfer, em sua apresentação, também trouxe uma pesquisa da FENAJ – Quem é o jornalista brasileiro? – que expõe um mapa interessante da atuação desses profissionais no País. Vale a leitura. A discussão final foi a melhor parte. Foi acalorada, tomada por muitas questões direcionadas ao João, profissional de longa estrada, que compartilhou sua experiência recente com os presentes relatando como foi sua entrada para o jornalismo online, comandando um blog, sem deixar a presença nas publicações impressas e conta ainda que muitos o conhecem pela coluna no jornal, mas não sabem da existência do blog. Que buscam pautar a coluna e não gostam de serem direcionados para o “online”.
No livro “Você é o que você compartilha”, do Gil Giardelli, leitura que adquiri no Mega Brasil, aponta como a web mudou o jornalismo: “A chamada mídia tradicional foi tomada por uma crise de identidade da qual não se sabe como ou quando sairá. O jornalismo mudou. O quarto poder mudou”. Preocupante, pois, enquanto a imprensa não aprender a lidar com esse novo cenário, continuaremos a perder publicações e ver o mercado diminuir.
A internet elegeu um novo editor, o público. Ele está nas reuniões de pauta, ele tem voz atuante na imprensa. Agora o jornalista assume o papel de curador da informação.
FONTE: CorpTV
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