Autor: Cezar Taurion
Todos os setores de negócio são ou serão afetados, em maior ou menor grau pela mobilidade. Por exemplo, hoje, em termos globais, cerca de 25% das pesquisas online por viagens, horários de voo ou reservas em hotéis já são feita via equipamentos móveis. E 62% das pessoas já acessam seus e-mails por eles. O resultado é que o acesso às informações via telas pequenas, com um equipamento que é praticamente uma extensão da nossa mente, já está se tornando um hábito. Não saímos de casa sem ele. Não lembramos mais endereços ou números de telefones de ninguém.
Este hábito pessoal começa a pressionar as empresas a adotarem estratégias de uso de mobilidade. Por que uma pessoa tem acesso a serviços pessoais sofisticados em um smartphone, mas não consegue desenvolver seu trabalho com ele? Por que essa prática ainda depende de sistemas corporativos pouco intuitivos, com interfaces nada amigáveis?
Os clientes hoje exigem que todas as funcionalidades existentes nos websites das empresas também estejam disponíveis nos equipamentos móveis, via apps intuitivos e de fácil uso. Não disponibilizar apps que atendam às demandas dos clientes vai em pouco tempo se refletir na insatisfação e eventual perda destes clientes.
Esta pressão começa a fazer efeito e já vemos uma segunda geração de apps aparecendo. Esta geração integra funcionalidade dos apps end-user com as demandas corporativas. Seu valor está em mudar processos e criar novas oportunidades e modelos de negócio. O vetor resultante é que as empresas e os CIOs devem ter claramente definidos uma estratégia para incentivar mobilidade nas suas operações.
Há pouco tempo atrás, discutíamos a reviravolta que a mobilidade traria para as empresas, com os usuários sendo a ponta de lança da entrada de novas tecnologias nas corporações. Identificamos o fenômeno do BYOD (Bring Your Own Device) e suas implicações em termos de segurança, suporte, aspectos legais, etc. Hoje já olhamos de forma diferenciada.
O movimento está se transformando rapidamente o mundo corporativo é o BYOA (Bring Your Own App). Nos acostumamos a usar determinadas apps, e as queremos usar, quaisquer que sejam os dispositivos ao nosso alcance.
A integração de funcionalidades das apps end-user com recursos corporativos, desenvolvidos pelas empresas, cria um novo contexto. Por exemplo, integrar funcionalidades dos sistemas de relacionamento com o cliente (CRM) com o Four Square. Ou acoplar o sistema de entrega de mercadorias ao Waze.
As aplicações móveis passam a ser cada vez mais sofisticadas e este movimento praticamente faz com que estas apps end-user sejam parte integrante dos processos da empresa. Além disso existem diversas apps que já fazem parte do hábito das pessoas, como DropBox. Box.net, Evernote, Skype, Whatsapp, etc. Impedi-las é criar empecilhos à produtividade.
Adicionalmente, vemos que com tecnologias open source, como a Cordova, da Apache Foundation (antigo Phone Gap), o desenvolvimento de apps não é mais monopólio de desenvolvedores profissionais. De maneira geral, a geração digital, acostumada com smartphones, tem condições de criar apps com facilidade, usando tecnologias como Cordova, mesmo sem ser profissional de TI.
Membros da geração digital criam apps para ter acesso a dados corporativos que possam usar e compartilham estes dados com serviços externos, que geralmente estão nas nuvens dos prestadores destes serviços. E estas apps operam dentro da empresa sem o conhecimento do CIO.
Claro que a empresa tem que estabelecer regras para uso das apps. O fato das pessoas estarem acostumadas com DropBox faz com que elas armazenem lá também dados corporativos, o que pode ser um risco para a segurança corporativa. Quando você está tão familiarizado com alguns apps os usa sem questionamento se pode ou não estar gerando um risco para a empresa. É a força do hábito.
BYOA implica em um esforço grande de educação. Impedir não é uma solução inteligente, pois se bloqueia oportunidades de criação de apps inovadoras. A solução é educar os usuários a compreenderem as politicas da companhia e estarem atentas aos riscos potenciais de mau uso de determinadas tecnologias. Talvez a palavra de ordem seja controle, mas com flexibilidade…Controle absoluto pela TI como existia há anos atrás simplesmente não existe mais!
A minha sugestão para este “ controle flexível” é a adoção de tecnologias MEAP (Mobile Enterprise Application Platform), para gerenciar os apps e seu deployment e “apps store” para prover fácil acesso à eles. Ou seja, se não pode eliminar o “inimigo” alie-se a ale. Assim, em vez de deixar proliferarem tecnologias que permitam criação descontrolada de apps, cria-se um ambiente favorável e que ao mesmo tempo permita ter um nível de controle adequado com as garantias de segurança que atendam as demandas da auditoria.
As “apps stores” são modeladas com a App Store da Apple ou Google Play e servirão de repositório centralizado para os funcionários buscarem apps autorizadas a operarem dentro da corporação. Elimina-se ou reduz-se sensivelmente o uso indiscriminado de apps pelos funcionários. As “apps stores” internas ainda são pouco comuns.
Pesquisa feita ano passado pelo IDC mostrou, nos EUA, que apenas 20% das empresas adotavam este conceito. A maioria dos apps ainda é disponibilizada via “apps stores” públicas. Mas a pesquisa também mostrou que as empresas que pretendiam disponibilizar apps para seus funcionários, 51% pretendiam disponibilizá-los via “apps stores” internas. O conceito de “apps stores” internas começa a decolar.
É indiscutível que os apps estão se tornando parte essencial do dia a dia das operações das empresas, tanto por parte de seus funcionários quanto por parte dos clientes.
Com as soluções voltadas ao consumidor, os apps end-user estão se entranhando e fazendo parte do dia a dia das empresas e é essencial compreender este fenômeno e tirar proveito dele. Criar salvaguardas é importante, mas proibir seu uso será infrutífero. O usuário sabe como contornar o controle, principalmente em um mundo cada vez mais digital. Impedir este movimento é remar contra a maré. Não vai se chegar a lugar nenhum, ou pior, pode fazer a empresa perder espaço de mercado.
FONTE: CorpTV
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