No mundo ideal do CIO, o portfólio de aplicações deveria ser um reflexo preciso dos objetivos dos negócios e da governança de TI. Mas na realidade, há sempre uma lacuna entre as necessidades e as ambições de uma organização e o que efetivamente o seu portfólio de aplicações consegue resolver. Manter essa lacuna o mais estreita possível pode parecer bastante simples, mas é uma tarefa enorme, que requer pensamento estratégico de longo prazo e planejamento eficaz.
Estudo recente da Capgemini com mais de 1.100 CIOs e decisores sêniores revela que o emaranhado de aplicações dentro das grandes organizações está cada vez mais complexo e colocando pressão sobre o departamento de TI.
Ao longo dos últimos três anos, de acordo com o estudo, o número de decisores de TI que acreditam que o seu negócio tem mais aplicações do que precisa aumentou de 34% para cerca de 48%. Apenas 37% acreditam que a maioria das suas aplicações é de missão crítica, enquanto 73% acreditam que pelo menos um quinto das suas aplicações atuais possuem funcionalidades semelhantes e devem ser consolidadas.
Mais de metade dos entrevistados acredita que pelo menos um quinto das suas aplicações devem ser descontinuadas ou substituídas.
De acordo com a consultoria, reduzir a complexidade e aumentar a flexibilidade no ambiente de TI é um imperativo fundamental para o CIO. “Um portfólio de aplicações mal organizado, sobrecarregado e desatualizado funciona como um dreno para a equipe de TI, absorvendo largura de banda e desperdiçando dinheiro”, afirma o CTO de serviços de aplicações da Europa continental da Capgemini, Ron Tolido.
Mas nem tudo está perdido. Em um mundo onde todas as facetas de uma organização estão começando a abraçar a transformação digital – e são dependentes da implementação rápida de soluções móveis, sociais, de Big Data e Cloud Computing para obterem vantagem competitiva – é possível começar a racionalizar o portfólio de aplicações. "De repente, essa racionalização tornou-se um imperativo maior e estratégico para toda a empresa. Já não se trata mais de racionalizar ou não, e sim de quando e como fazê-lo”, diz Tolido.
O estudo revelou que 60% dos decisores sêniores de TI acreditam que a mais valiosa contribuição dos seus departamentos para a empresa é a introdução de novas tecnologias. Um número significativo já implementou soluções de cloud (56%), mobilidade (54%), sociais (41%) e Big Data (34%).
Neste contexto em que tecnologias disruptivas são consideradas cruciais para a criação de novo valor para o negócio, e sua adoção pode proporcionar a racionalização dos portifólio de aplicações, o alinhamento entre negócios e TI é uma prioridade.
Na média, segundo o estudo, os CIOs parecem surpreendentemente satisfeitos com o nível de compreensão do cenário de TI por seus colegas de negócio - 85% dos inquiridos consideram que o portfólio de aplicativos é suficientemente entendido pelos pares das áreas de negócios, com mais de um quarto classificando o nível de compreensão como "excelente". Mas, apesar disso, as entrevistas aprofundadas mostraram que muitas vezes é difícil tomar decisões conjuntas sobre temas impactantes e dolorosos, como a racionalização de aplicações e a redução da complexidade.
Segundo os autores do estudo, quando as áreas de negócios entendem o portfólio de aplicações, é mais provável iniciar o desenvolvimento de novas aplicações de TI. E o entendimento mútuo dá à TI maior protagonismo. Se o nível de alinhamento é menor, as áreas de negócios tomam mais a iniciativa e controlam mais o orçamento de TI. Nesta pesquisa, três vezes mais CIOs (35-65%) afirmaram estar envolvidos na proposição inicial de desenvolvimento de aplicações em relação ao índice encontrado no estudo de 2011. Além disso, o saldo do valor de uma carteira de aplicações ("manter as luzes acesas" versus "transformacional dos negócios/TI") melhora como resultado de uma melhor compreensão mútua do portfólio de aplicações.
Ainda de acordo com o estudo, os setores de Energia e de Utilities são onde as expectativas são mais positivas sobre um aumento de gastos de TI. Um indicativo de segmentos que estão mudando rapidamente, se beneficiando de novos avanços na tecnologia (por exemplo, "Smart Energy"). O mesmo aplica-se definitivamente para o setor de varejo, onde a busca da nova experiência do cliente - e otimização da cadeia de suprimentos, orientada pela demanda - é impulsionada por tecnologias inovadoras. Menos otimista são os entrevistados do setor público, onde a crise econômica ainda coloca pressão substancial sobre os orçamentos de TI.
Existem diferenças significativas também,, dependendo tanto da região (abra a imagem abaixo em outra tela para ampliá-la). De acordo com o estudo, organizações de países desenvolvidos estão mais preocupadas com as aplicações desatualizadas, legadas e não utilizadas e mais pressionadas pela complexidade do processo de atualização, enquanto os mercados em desenvolvimento estão se beneficiando de seu relativo atraso para atualizarem mais facilmente seus departamentos de TI. Se países como a Finlândia e a Noruega estão abaixo dos níveis médios de entendimento entre negócio e TI (apenas 64% e 69%, respectivamente acreditam que a relação é “satisfatória”), uns animadores 92% dos entrevistados no Brasil, Índia e China reportam uma compreensão satisfatória entre ambos.
Uma das recomendações do estudo incentiva os CIOs a usarem fatos e métricas, sistematicamente, para criar maior compreensão mútua do portfólio de aplicações, já que na opinião dos analistas ela é indispensável para racionalizar e inovar, simultaneamente. "Considere ferramentas para mapeamento de aplicação e avaliação, e para a gestão de portfólio de aplicativos. Use essas ferramentas para relacionar as aplicações aos processos de negócios , de modo que o impacto nos negócios e o valor das aplicações tornem-se mais claros e tangíveis", afirma o relatório da Capgemini. De acordo com a consultoria, isso ajuda a tomar decisões para racionalização do portfólio de aplicações e de estabelecer prioridades, com base na importância do negócio.
As conclusões do “2014 Application Landscape Report” da Capgemini são baseadas numa pesquisa realizada em 16 países - 73% nas economias desenvolvidas (Austrália, Europa, EUA) e mais 27% em países em rápido desenvolvimento (Brasil, China, Índia) - com 1.116 CIOs e decisores de TI de nível superior em empresas de vários tamanhos e diversos segmentos econômicos.
FONTE: CorpTV
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