Por que a final do American Idol arrebentou nas redes sociais, embora sua audiência tenha desmoronado na TV?
Apesar de todo o burburinho, a final da 11ª temporada do American Idol, que contou com a participação de estrelas do porte de Jennifer Lopez, Ryan Seacrest e Steven Tyler, registrou uma assustadora queda de audiência na última quarta-feira. Segundo dados divulgados pela Billboard, a diferença chegou a 32% e 9 milhões a menos de telespectadores quando comparada com a audiência da temporada anterior.
Em compensação, a final do reality da Fox gerou nada menos do que 1,2 milhão de comentários nas redes sociais durante as duas horas em que o programa foi exibido, segundo a Bluefin Labs – a temporada completa atingiu quase 6 milhões. Trata-se de um recorde mundial em se tratando de repercussão de séries de TV na Web. Para se ter uma ideia, jamais um episódio televisivo havia ultrapassado a marca de 1 milhão de comentários online durante sua exibição.
É claro que o fato da própria JLo ter se transformado em uma verdadeira embaixadora do programa nos seus perfis nas redes sociais colaborou bastante com essa performance, porém a estratégia de social media da Fox é digna de aplausos. Por exemplo, durante o show, periodicamente, Seacrest pedia aos fãs para tweetarem a hashtag #MyIdol e declararem seus cantores favoritos, ou tweetarem com a hashtag #idolbackstage para destravar conteúdos exclusivos. O show também implementou o OpenGraph do Facebook, permitindo o compartilhamento automático sempre que os fãs comentavam ou votavam no show. Outra grande sacada foi o canal interativo desenvolvido exclusivamente para o app Peel, que permitia, com o simples toque dos dedos na tela do smartphone, aplaudir ou vaiar os cantores concorrentes do reality em tempo real.
O sucesso de American Idol nas redes sociais – e mesmo seu ocaso na TV – é uma prova cabal que, cada vez mais, os internautas desempenham um papel fundamental na formatação do conteúdo televisivo, seja fornecendo insights a respeito de suas preferências e interesses, seja comentando e influenciando a programação.
Em artigo publicado no ano passado no Jornal O Estado de S.Paulo, o jornalista Alexandre Matias já antevia esse movimento: “As pessoas podem não estar mais virando para o lado e comentando o vestido da tal atriz, a piada sem graça do apresentador tal ou a bobagem que o dublador traduziu errado. Mas estão falando isso para todo mundo, no Twitter, no Facebook, em blogs, comentários de sites ou de trechos de vídeo que vão parar no YouTube antes mesmo de o programa terminar”.
Segundo um relatório recente da consultoria Forrester, 85% dos usuários de tablets fazem uso do mesmo enquanto assistem TV. Consequência direta disso é a chegada de dezenas de aplicativos de check-in da programação televisiva no mercado, vide GetGlue, Miso e Philo.
De acordo com Tiago Dória, em um excelente artigo sobre o tema em seu blog, de acordo com dados do próprio Twitter, quando uma hashtag é exibida na TV (no rodapé da tela), o número de mensagens criadas com base na mesma aumenta 10 vezes. “Não é por outro motivo que, já há um bom tempo, emissoras como NBC, Fox e ESPN incentivam os seus telespectadores a utilizar o Twitter enquanto assistem a uma transmissão”.
Muitas vezes, não satisfeitos com as respostas que obtém da programação televisiva, os próprios internautas tratam de agir por conta própria, criando e compartilhando fan videos, retrailers, mashups, fan arts e fan fictions e, em última instância, desligando a TV. Ops, será que o feitiço da Fox virou contra si própria?
FONTE: CorpTV
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